Colar com pingentes de corações e cristais.
Coleção Aguardente
O sol do meio dia pinta o salgado azul de branco, brilha tanto que quase cega. O Pescador há muito já não via terra, não via peixe, não via esperança ou solução. “É de obra do destino que eu me acabe por aqui”. A voz fraca comovia o velho barquinho de madeira, que rangia em resposta. Foi quando ouviu o canto mais formoso de toda a baía.
Era bela, e a beleza perturba quase sempre. Longos cabelos claros, mais parecia um véu de prata. Lábios mais vermelhos que os corais, olhos pesados — de fogo e de farsa. Uma formosura desmedida, de fazer dos olhos, coração.
O Pescador esfregou com raiva a vista, já não podia confiar mais nela. “Estou ficando louco? É uma mulher no meio do mar!”. Culpou a fome, a sede e o cansaço. Culpou Marte, Júpiter e Vênus. O canto, todavia, era mais forte que toda a culpa, e à medida que seu naufragado barco se aproximava da sereia, menos ele amaldiçoava, e mais agradecia, a perdição.
Um verão para as mulheres de mistério, de feitiço, que tomam o que querem e entregam o que sentem. Um verão de lendas e mitos, que se explica apenas na magia do desconhecido.
Neste verão, descubra o quão hipnótica é a sua voz.